Neoconcretismo


 O Neoconcretismo ou Movimento Neoconcreto foi uma corrente das artes (plásticas, escultura, performances, literatura) que surgiu em fins da década de 50 no Rio de Janeiro, em oposição ao Movimento Concretista, de São Paulo.
 O Neoconcretismo, influenciado pelas ideias da fenomenologia do filósofo francês Merleau- Ponty (1908-1961), foi considerado como o “divisor de águas” na história das artes visuais no Brasil, sendo seus precursores o poeta maranhense Ferreira Gullar e a artista plástica mineira Lygia Clark.
Note que o Movimento Neoconcreto (Grupo Frente) surgiu no Rio de Janeiro em prol do subjetivismo da arte e da criação artística, o qual criticava o racionalismo, objetividade e o dogmatismo geométrico dos concretistas paulistas (Grupo Ruptura).
 Para tanto, essa contradição de ideias foram os elementos propulsores dos ideais dos artistas neoconcretos, ou seja, propor uma arte mais libertária contra o cientificismo técnico, o exacerbado racionalismo da “arte pela arte” em que estavam pautados os concretistas ortodoxos de São Paulo.
Em resumo, os concretistas paulistas acreditavam que a forma era o principal elemento da arte, em detrimento do conteúdo, visto como mais importante pelos artistas neoconcretos.

Manifesto Neoconcreto

 A “I Exposição de Arte Neoconcreta” ocorreu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), em 1959. Na ocasião, o manifesto neoconcreto foi lido e publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, dia 23 de março de 1959.
No documento, os artistas do grupo neoconcreto (Ferreira Gullar, Lygia Clark, Lygia Pape, Amílcar de Castro, Reynaldo Jardim, Theon Spanudis e Franz Weissmann) criticavam a arte concreta e propunham uma nova maneira de criar e sentir a arte:

“O neoconcreto, nascido de uma necessidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da linguagem estrutural da nova plástica, nega a validez das atitudes cientificistas e positivistas em arte e repõe o problema da expressão, incorporando as novas dimensões “verbais” criadas pela arte não-figurativa construtiva. (...) Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como um quase-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica.”

Principais Características

 As principais características do movimento neoconcreto são:

- Oposição ao concretismo, materialismo, cientificismo e positivismo;
- Maior subjetividade e expressividade artística;
- Liberdade de experimentações e criações artísticas;
- Interação do público com a obra;
- Abstracionismo e uso de cores e formas geométricas;
- Transcendência da arte;
- Existencialismo e Humanismo.

Principais Artistas

 Os principais representantes do Neoconcretismo foram:

• Ferreira Gullar (1930-): poeta e crítico de arte maranhense
• Lygia Clark (1920-1988): pintora e escultora mineira
• Lygia Pape (1927-2004): artista carioca
• Hélio Oiticica (1937-1980): artista carioca
• Reynaldo Jardim (1926-2011): jornalista e poeta paulista
• Theon Spanudis (1915-1986): poeta e crítico de arte turco
• Amílcar de Castro (1920-2002): escultor, artista plástico e designer mineiro
• Willys de Castro (1926-1988): artista mineiro
• Hércules Barsotti (1914-2010): artista paulista
• Franz Weissmann (1911-2005): escultor austríaco

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